Esquizofrenia: aspectos da doença, subtipos e diagnóstico

Neste post “Esquizofrenia: aspectos da doença”, exploraremos algumas características deste transtorno mental.

A esquizofrenia, conforme classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um transtorno mental de grande complexidade e gravidade. Essa condição afeta milhões de pessoas ao redor do planeta, comprometendo de forma significativa a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto de seus familiares. O acompanhamento médico contínuo é essencial para lidar com os desafios que surgem. A prevalência da doença é expressiva, com cerca de 20 milhões de casos registrados globalmente, incluindo em diversas regiões do Brasil.

A palavra esquizofrenia tem origem no grego, com “schizo” significando “dividido” e “phren” referindo-se à mente. Embora o termo tenha sido criado por Eugen Bleuler, foi Emil Kraepelin quem desenvolveu conceitos fundamentais sobre as psicoses. Suas contribuições foram essenciais para a construção da base teórica da esquizofrenia.

Neurologia: 

Estudos neurocientíficos indicam que o cérebro de indivíduos com esquizofrenia pode apresentar diversas alterações importantes. Entre essas mudanças, destacam-se variações no tamanho e na atividade de áreas cerebrais como o hipocampo, a amígdala e o córtex cerebral.

Além disso, desequilíbrios nos níveis de neurotransmissores, como dopamina, glutamato e serotonina, têm um papel crucial no desenvolvimento da doença. Essas alterações estruturais e neuroquímicas são responsáveis por sintomas característicos da esquizofrenia, como alucinações, delírios e dificuldades cognitivas.

Dia mundial da esquizofrenia.
24 de maio, dia mundial da esquizofrenia.

Subtipos da esquizofrenia

Paranoide:

A esquizofrenia paranoide, ou esquizofrenia do tipo paranoide, é o subtipo mais comum da doença. Nesse quadro, o indivíduo perde o contato com a realidade e vivencia alucinações auditivas, como ouvir vozes, além de delírios e ideias persecutórias. Também podem ocorrer comportamentos incomuns, como ciúmes excessivos ou a crença de estar em uma missão especial.

Outros sintomas incluem alucinações auditivas que orientam ações, fala desorganizada, agitação, agressividade e anosognosia, que é a negação da própria condição.

As causas dessa esquizofrenia envolvem fatores genéticos e ambientais. Indivíduos com predisposição genética têm maior risco de desenvolver a doença, especialmente após um evento estressante que desencadeie um episódio psicótico. Como a esquizofrenia paranoide é crônica, o tratamento ideal inclui psicoterapia e medicação para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Hebefrênica:

A esquizofrenia hebefrênica, ou desorganizada, é o tipo mais grave da doença. Caracteriza-se por discursos incoerentes, pensamentos desorganizados, comportamentos  e emocionalidade inadequada. Geralmente aparece na adolescência ou no início da vida adulta, mas, quando surge na infância, tende a ter um prognóstico mais grave.

Os sintomas incluem dificuldades em tarefas diárias, reações emocionais inadequadas e problemas de comunicação. O diagnóstico é complexo e envolve entrevistas detalhadas, considerando o histórico médico e a presença de sintomas típicos. Exames físicos, testes neuropsicológicos e exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, ajudam a excluir outras condições.

Catatônica:

A esquizofrenia catatônica é uma das menos comuns e se caracteriza pela pouca fala, falta de interação social, recusa alimentar e movimentos corporais estranhos ou redução da atividade motora. Os sintomas incluem indiferença, alucinações, fala e pensamento desorganizado, além de comportamento motor incomum.

Ela pode ser causada por diversas doenças, algumas associadas ao risco de morte, dificultando o dia a dia do paciente e desconectando-o da realidade.

O tratamento envolve antipsicóticos para prevenir a recaída dos sintomas, e, no início, a eletroconvulsoterapia (ECT) pode ser utilizada para acelerar a resposta. Esse método é seguro, eficaz e provoca uma pequena convulsão com estímulos elétricos na cabeça.

Indiferenciada:

Este tipo de esquizofrenia é caracterizado por sintomas que não estão totalmente definidos ou não são específicos o suficiente para serem classificados como outro tipo de doença.

Os principais sintomas incluem delírios de controle, alucinações persistentes, pensamentos confusos, fala desorganizada e dificuldade de concentração. O diagnóstico é feito por meio da observação dos sintomas, exames médicos e psicológicos. O tratamento geralmente inclui, por causa da complexidade da doença, medicamentos antipsicóticos, terapia cognitiva e suporte emocional. Em suma, esses elementos são fundamentais para melhorar o quadro clínico.

Residual:

O subtipo de esquizofrenia residual é crônico, com sintomas mais amenos durante ou após um episódio da doença. Os principais sintomas incluem alucinações, delírios, pensamento desorganizado, falta de motivação e emoções embotadas. Embora suas causas não sejam totalmente definidas, acredita-se que fatores genéticos, ambientais, neurobiológicos, histórico familiar, estresse e desequilíbrios químicos no cérebro possam contribuir para seu desenvolvimento.

O diagnóstico é baseado na avaliação dos sintomas, histórico médico e familiar, além de exames físicos e testes psicológicos.

Já o tratamento envolve uma combinação de antipsicóticos, terapia cognitivo-comportamental, terapia ocupacional e suporte familiar.

Subtipos da esquizofrenia.
Imagem ilustrativa – Esquizofrenia

Sinais e sintomas: 

Os primeiros sinais e sintomas da esquizofrenia geralmente surgem na adolescência ou no início da vida adulta. A fase inicial, antes do surgimento dos sintomas mais evidentes, é vaga e inclui perda de energia, falta de iniciativa e interesse, humor depressivo, isolamento, comportamentos inadequados e negligência com a aparência e higiene pessoal. Esses sintomas podem aparecer e durar algumas semanas ou até meses antes do desenvolvimento dos sinais mais característicos da doença.

Diagnóstico e tratamento: 

O diagnóstico da esquizofrenia é clínico e, em casos suspeitos de envolvimento cerebral mais grave, pode-se solicitar uma ressonância magnética de crânio ou outros exames laboratoriais. No entanto, geralmente, o diagnóstico é feito por meio de uma entrevista e exame psíquico.

O tratamento farmacológico consiste principalmente no uso de antipsicóticos, que ajudam a aliviar os sintomas e permitem que o paciente tenha uma vida mais integrada à sociedade.

 

Talita Keller
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